domingo, 22 de setembro de 2013

TIPOS DE ENFAIXAMENTO E BANDAGENS


CONCEITOS: 

Proteção e suporte seletivo, controle e/ou limitação de movimentos, tratamentos diversos e reabilitações. 

OBJETIVOS: 

Proteger estruturas de agravamento de lesão, strees e tensões;
Controlar respostas inflamatórias (Bandagens compressivas);
Condicionar processo de reparo de lesões;
Permitir funções sem comprometimento do reparo tecidual;
Evitar e/ou minimizar recidivas; 
Conferir suporte adicional para o segmento lesado;
Acelerar recuperação;
Evitar perda da função;
Proporcionar movimentos livres de dor.
 
Vamos ver algumas situações ....

SUPORTE DE BANDAGENS APLICADA AO REDOR OU SOBRE FERIDAS ...


Esse tipo de bandagem serve para proporcionar proteção adicional com finalidades terapêuticas (No caso a união de bordas para promover hemostasia e junção dos tecidos) 


CRIANDO PRESSÃO SOBRE REGIÃO DO CORPO...

Nesse caso observamos que há o intento de pressionar o local a fim de conter sangramento (notando que abaixo da faixa há uma compressa que pode ser constituída de gazes ou material próprio ).

É preciso dosar a pressão para que não haja má circulação no local, isso poderia causar diminuição de oxigênio nos tecidos.

IMOBILIZANDO UMA PARTE DO CORPO, REDUZINDO EDEMAS E SUSTENTANDO FERIDAS...

Bandagens aplicadas ao redor de torções tem o objetivo de imobilizar parte da estrutura. 

Nesse caso temos um tornozelo torcido, onde o cliente pode ter agravamentos do problema, como edemas por exemplo, se os movimentos do local não forem limitados, a limitação de deslocamentos deve ser feita.

 FIXANDO CURATIVOS E TALAS ...

Nesse caso temos ai as bandagens fixando curativos e talas que auxiliam na limitação dos movimentos.

Quando falamos de bandagens temos visto variedade de materiais no mercado, que vão desde simples gazes até adesivos de tecnologia moderna. 

A aplicação de cada um desses materiais segue: 

Diagnóstico clínico do problema > Cuidados com as feridas especificadamente > Proteção da pele > Tricotomia local > Proteção óssea> Posicionamento para recuperação adequada> Elaboração da bandagem para atender a necessidade > Material novo e em estado perfeito de funcionamento > Prática com técnica competente do profissional executor. 

Preparação ideal para técnicas : 

- Higiene local e tricotomia ( Os pelos podem conter ou armazenar microrganismos, portanto é melhor raspá-los); 
- Remoção de oleosidade da pele;
- Proteção de lesões no local (curativos prévios conforme necessidade); 
- Verificar alergias aos tecidos utilizados como bandagens e enfaixamentos, orientar o cliente sobre a surgimento de prurido e eritema. 
- Proteção das áreas sensíveis.

Preparo de materiais básicos: 

- Soluções de limpeza; 
- Cubas estereis; 
- Luvas de procedimento; 
- Gazes estereis; 
- Ataduras e materiais de oclusão. 

Para a técnica ...

Nunca se esqueça de lavar as mãos e explicar ao cliente o que será feito
- Posicione o cliente conforme a necessidade de aplicação ( se estiver no leito ou sentado...) 
- Observe a área e avalie a quantidade de material antes de reunir ( evite gastos desnecessários...) 
- Siga o tipo de bandagem para cada tipo determinado de lesão , considerando local e articulações. 
- Após a aplicação avalie se está confortável a bandagem, se não está apertada e se segue a proposta, mas sempre mantenha a bandagem firme e justa ( o que é diferente de "apertar") 

Agora é importante saber retirar as bandagens...

- É utilizado tesoura de ponta romba
-  Soro fisiológico (algumas literaturas trazem alccol, ou óleos e vaselina)
- Use luvas de procedimento 
- Retire lentamente e cuidadosamente aplicando soro para desprender as bandagens se elas aderirem a pele;
- Descarte a bandagem e não a reutilize , se for necessário trocar, use materiais novos e limpos. 

Mais situações de enfaixamento 

Perna residual 

Ideal é que se use uma bandagem elástica, é preciso moldar o coto em sua forma, de modo firme, reduzindo assim o edema ( que com o tempo vai sendo drenado pelo sistema linfático). 
Observamos que o correto é utilizar a cintura do cliente como sustentação do enfaixamento, realizando o cruzamento das faixas para prendê-las posteriormente.

Braço residual 
Ideal é a bandagem elástica, moldando também o coto, há casos em que será necessário envolver o enfaixamento até o ombro com o objetivo de fixar a bandagem. 

 E QUAIS SÃO OS TIPOS DE ENFAIXAMENTO ? 

CIRCULAR
A volta da faixa deve superpor totalmente a volta anterior e assim consecutivamente, com a finalidade de cobrir uma área pequena (mãos, pés, dedos, partes do antebraço, parte da perna em região tibial). 

ESPIRAL
Pretende cobrir uma região mais extensa e circular do corpo, como por exemplo o ante braço com ferimento extenso. Note que cada volta sobrepõe a metade da outra. 
ESPIRAL INVERSA
Muito útil quando não se tem bandagens elásticas ( situações comuns), como por exemplo faixas ou flanelas de tecido, com a finalidade de prender melhor a bandagem em partes extensas do corpo.
EM OITO
A bandagem em 8 é feita com rotações de subida e descida alternadas no enfaixamento, cada volta se cruza formando o 8, serve para cobrir articulações com o objetivo de limitar ou anular movimentos. 
RECORRENTE

Para enfaixar cabeça e locais arredondados (como coto e membros amputados) é uma técnica que consiste em dar duas voltas envolvendo ocicipital-temporal-frontal, depois formar curvas que vão envolver a região parietal-occipital e voltar até a frontal, dando outra volta por baixo, depois por cima, finalizar a faixa e prender com esparadrapo. 

Para compreender melhor vide o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=PUI-pLGl-zI


HA SITUAÇÕES ONDE A TIPOIA É NECESSÁRIA...


Objetivando suportar os braços com deslocamentos musculares e fraturados, a tipoia deve formar uma manga que seja ajustável ao redor do pescoço, podendo ser improvisada com faixas ou ser comprada pronta em formatos comerciais em casas de materiais hospitalares.
HA SITUAÇÕES ONDE SE USAM TALAS...

As talas tem o objetivo de imobilizar segmentos fraturados ou traumatizados e geralmente são feitas de produtos especiais, mas em casos de primeiros socorros é possível improvisar talas , desde que que se saiba o que está fazendo, ou seja, não é indicado que leigos manipulem talas ou tentem imobilizações em casos de acidentes com traumatismos e fraturas.

Referências :

BRUNNER & SUDDARTH, Tratado de enfermagem médico cirurgica. Ed. Guanabara, Koogan 2009;

POTTER, Patrícia Ann; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de enfermagem. Elsevier. 2009

Espero que os caros leitores tenham tido a oportunidade de aprender um pouco mais sobre essas técnicas e que tenha sido tão prazeroso para vocês a leitura quanto me foi o ato de postar. 

Fiquem a vontade para fazer comentários e discussões usando o próprio blog. 

Atenciosamente 

Profº Rafael L. Ribeiro 



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Aplicação de calor e frio.

A aplicação de calor e frio é constituída de técnica milenar para promover efeitos de vasodilatação e vasoconstrição em indivíduos enfermos, ou em situações de necessidades desse tipo de cuidado.

A aplicação de calor e frio dependem das reações locais desejadas para cura (Pianucci, 2002).

O que mais chama atenção para as aplicações de calor e frio é a simplicidade prática e seus efeitos.

É importante destacar que há várias formas e adaptações para proporcionar calor e/ou frio para uma pessoa, com finalidades específicas.

Vamos conhecer algumas dessas formas e estudar o por quê promover calor e frio em casos diferentes para cada situação, mas primeiro assimilamos os conceitos:

CALOR 


TERMOTERAPIA (VASODILATAÇÃO) O calor age estimulando ou acalmando de acordo com a intensidade, tempo, local de aplicação 

. Relaxa a musculatura reduzindo a dor e aumentando o conforto;
. Alivia a congestão;
. Facilita e acelera a supuração;
. Fluidifica os exsudatos
      ex: Compressas sobre crostas para amolecimento e remoção
Aumenta o aporte de oxigênio e nutrientes das células; 
 Promove a vasodilatação numa determinada área;
*   Aumenta o Fluxo Sanguíneo 
*   Diminuí Edemas 
*  Favorece a cicatrização
*  Dilatação dos vasos sanguíneos torna a punção venosa um procedimento mais 
fácil
Favorece o reaquecimento de pacientes hipotérmicos ou de determinada região 
afetada por congelamento;


—  FRIO

FRIGOTERAPIA (VASOCONSTRIÇÃO) finalidade de:
    * Evitar edema
    * Reduzir temperaturas altas
    * Alívio da dor
    * Diminuir a inflamação
    * Retardar a supuração
    * Controlar Hemorragias
    *  Evitar agravamento de edema por um traumatismo
   * Diminuir a extensão de queimaduras
   * Preservar para possível reimplante uma parte do corpo amputada
   * Tratamento de alguns tumores malignos de pele

TIPOS E SITUAÇÕES DE APLICAÇÃO 

Calor Frio
Radiação                           Úmido           
      Condução                          Seco                     
Conversão                                                
Úmido                                                      
Seco                                                          

              Quando falamos de calor seco, estamos falando do emprego de :  

* Raios infra – vermelhos
* Ultra som, ondas curtas
* Almofadas elétricas
* Cobertores elétricos
 * Bolsas de água quente, etc.

Quanto ao calor úmido 
aplicação de:
    * Compressas quentes
    * Cataplasmas
    * Banhos
    * Semicúpio (banhos de assento )
    * Pedilúvio (imersão dos pés )
—ATENÇÃO : SITUAÇÃO EM QUE NÃO SE DEVE APLICAR CALOR LOCALIZADO ! 
Feridas cirúrgicas
Hemorragias
Lesões abertas (como escaras)
Luxações e trações, antes de 24 horas
Presença de fenômenos trombo-embólicos nos MMII (necrose)
Pacientes hemofílicos
Pacientes com fragilidade capilar  
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERMOTERAPIA 

Material: Bolsa de borracha . Fronha ou similar . Jarro com água quente.
    -  Procedimento:
 1. Explicar ao paciente o procedimento
 2. Lavar as mãos
 3. Reunir o material
 4. Colocar água quente até a metade da capacidade da bolsa
 5. Retirar o ar da bolsa apoiando-a numa superfície plana
 6. Fechar a tampa da bolsa e virá-la observando se não há vazamento
 7. Envolver a bolsa com a fronha ou similar
8. Testar, colocando a bolsa sobre o dorso da mão, o tempo suficiente para sentir a
 temperatura da mesma
9. Colocar o paciente em posição adequada à aplicação
10. Expor a área. Colocar a bolsa no local indicado e proteger o paciente, se 
necessário
11. Observar constantemente a área de aplicação durante 30 minutos
12. Remover a bolsa ao término da aplicação, deixar o paciente confortável e a 
unidade em ordem.
13. Esvaziar, lavar e enxugar extremamente a bolsa
14. Deixar escorrer a água da bolsa enchendo-a de ar e guarda-lá
15. Lavar as mãos
16. Anotar na prescrição do paciente: horário, local de aplicação, tempo de 
aplicação, reação do paciente.
VAMOS VER ALGUMAS TÉCNICAS UTILIZADAS PARA CONFORTO E TERAPIA DO PACIENTE 

SEMICÚPIO E PEDILÚVIO
       Geralmente as soluções utilizadas nesses "banhos"promoviam efeitos terapêuticos aos pacientes submetidos a tais técnicas, onde a enfermagem acompanha todo o processo, desde o preparo até o monitoramento de temperatura. 

       No banho de assento = semicúpio, o individuo é observado durante 15 minutos com a parte da pelve submersa. 
       A imersão dos pés (pedilúvio) também é acompanhada por 15 minutos e pode ter diversas finalidades, indo desde conforto até facilitação de remoção de curativos e tecidos do corpo mediante melhora da circulação sanguínea local. 

Falando sobre Frigoterapia 


—BOLSA COM GELO
   - Material:
Bolsa de borracha
Fronha
Gelo picado
        - Procedimento:
* Na aplicação de bolsa com gelo, seguir os mesmos procedimentos descritos para
 BOLSA DE ÁGUA QUENTE, alterando apenas o seguinte item:
      - Colocar o gelo na bolsa, sem arestas, até a metade de sua capacidade.

ATENÇÃO : A EXPOSIÇÃO PROLONGADA AO FRIO PODE NECROSAR TECIDOS! 

É POSSÍVEL COMBINAR FRIO E CALOR ? 

Sim, vamos imaginar que um individuo está com a temperatura acima dos 38,5 º C, é observado que as extremidades (dedos dos pés e das mãos, nariz, lábios...) estão cianóticas (roxo-azuladas), no processo natural de avanço da temperatura , rumo a uma hiperpirexia em resposta a uma infecção. Nesse caso a temperatura de pés e mãos está superficialmente baixa, as trocas gasosas não estão sendo eficazes, a oxigenação periférica precisa ser restabelecida e vimos que a aplicação de calor pode contribuir para isso mediante uma vasodilatação.

Mas se aplicarmos calor no indivíduo como um todo, a vasodilatação generalizada não contribuí para a temperatura aumentar ? Sim, por isso é que podemos combinar uma aplicação de frio. Como seria isso na prática ?
Materiais a disposição : 
Água morna
Álcool
Quatro compressas ou similar
Bacia
Cuba-rim ou similar
Toalha
Bolsa com gelo
Bolsa com água quente 
-Procedimentos:
1. Orientar o paciente sobre o procedimento
2. Cercar o leito com biombo e fechar as janelas
3. Lavar as mãos
4. Reunir o material
5. Posicionar o paciente em decúbito dorsal
6. Molhar a compressa ou similar. Torcê-la retirando o excesso
7. Colocar as compressas nas regiões axilar e inguinal. BOLSA COM GELO na região
 frontal e BOLSA COM ÁGUA QUENTE nos pés ( e mãos se necessário). 
8. Repetir o processo por um período de 15 a 20 minutos ou até a temperatura do
 paciente atingir 37º C
9. Enxugar o paciente e, se necessário, trocar as roupas de cama
10. Auxiliar o paciente a vestir-se, deixando-o confortável e a unidade em ordem
11. Proceder à desinfecção dos materiais
12. Lavar as mãos
13. Anotar na prescrição do paciente: horário do procedimento, tempo de duração do
 tratamento, tipo de aplicação.

Observação: Essas técnicas podem e devem ser utilizadas sempre que medicamentos antitérmicos não façam efeito, ou quando não há recursos medicamentosos disponíveis. 

Vale lembrar que os profissionais da enfermagem são capacitados para realizar essas técnicas e monitorar os fenômenos resultantes dos efeitos, portanto não é indicado praticar esses procedimentos sem ser competente para tanto. 

Referencias :

FIGUEIREDO, Nébia Maria. Práticas de enfermagem. Cuidando do adulto. Edit:Difusão,2005.

PIANUCCI, Ana Maria Galvão de Carvalho . Saber Cuidar : Procedimentos Basicos Em
Enfermagem.SENAC, 2002


Espero que os prezados leitores tenham gostado de mais essa postagem. 

Profº Rafael L. Ribeiro 



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Destacando a importância da lavagem das mãos...

Técnica simples que faz uma enorme diferença, inclusive faz parte da ética em saúde manter seu paciente seguro, portanto enquanto está lavando as mãos você está mantendo não só ele(cliente), mas você e todo o ambiente mais seguro, minimizando transferências e migrações de microorganismos.

Veja na figura, quando você, profissional da saúde, deve lavar suas mãos:

Clique na imagem para vê-la ampliada.

Pela lógica apresentada, a cada 10 clientes que você atente, estará lavando as mãos 40 vezes.

Vejamos uma sequencia para assimilar os movimentos para lavar as mãos corretamente:

Clique na imagem para ampliar ou use o comando Ctrl + com seu teclado.

É importante manter suas mãos bem hidratadas para evitar ressecamento de pele e dermatites, pois como profissional da saúde você, como pode ver, lavará muitas vezes suas mãos.
A seguir, dois vídeos que servem de base para ver na prática como são os tipos de lavagem existentes, quando são indicadas e como devem ser feitas:

1- Vídeo produzido pela ANVISA, portanto posto aqui com finalidade de informar e orientar, profissionais e alunos da saúde:



2- Vídeo que demonstra de modo artístico como lavar as mãos pode ser bem prático, tornando-se um hábito. Postado aqui com finalidades didáticas:




Agora que você viu vários exemplos práticos, está na hora de ir até a torneira e praticar. Assimile bem a técnica, repita os movimentos, quando menos esperar fará a lavagem correta até mesmo na sua vida cotidiana, cultivando esse hábito estará de modo simples combatendo microorganismos.

Um forte abraço !


segunda-feira, 4 de março de 2013

Vídeo sobre TAB - Transtorno Afetivo Bipolar

Para maiores informações sobre TAB, resolvi postar esses vídeos complementando postagem já existente nos arquivos do blog sobre os estudos dessa patologia (Vá na barra de busca e digite "bipolar" para encontrar postagem mais antiga onde discutimos sobre o tema)

Seguem abaixo os vídeos em 3 partes:




Como complemento os caros leitores podem assistir a mais vídeos da Psiquiatra Doris Moreno, basta colocar o nome dela no youtube para conferir.

Até a Próxima.

Rafael L. Ribeiro








quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Prontuário do paciente em saúde mental.

Falando sobre o prontuário multiprofissional em saúde mental


Há no blog uma postagem sobre prontuário generalista, porém essa é mais específica:

Perante o prontuário dos pacientes psiquiátricos o profissional da saúde se depara frequentemente com dúvidas acerca do que e como anotar. 

Claro que muitos clientes com patologias mentais apresentam também problemas clínicos que não fogem as regras de anotação encéfalo-podal, porém há alguns aspectos específicos e importantes a serem compreendidos e anotados pelos profissionais que vão trabalhar nessa área. 

O Técnico de enfermagem e o Terapeuta ocupacional nos moldes atuais de promoção a saúde mental, são os profissionais que passam mais tempo com os clientes durante o dia a dia. O primeiro cuida dos cuidados básicos, alimentação, higiene, medicamento, inspecionando e mantendo tudo checado; O T.O. promove atividades e faz com que os clientes sejam estimulados a participar, contribuindo para o bem estar, lazer, reinserção social e até mesmo profissionalização do indivíduo. 

Em parceria com o Assistente Social é possível obter muitos recursos através de direitos específicos aos portadores de determinadas patologias mentais, benefícios muitas vezes que dependem também da Assistência social cumprir sua parte em registros no prontuário. 

Sem falar nos Psicólogos e Psiquiatras e, também nos Enfermeiros, esses fechando diagnósticos de tratamento comportamental, medicamentoso e de cuidados, em interdisciplinariedade de condutas. 

O Médico Clínico Generalista atua com anotações referentes a eventuais problemas clínicos que possam surgir em comorbidades com as patologias ou em casos isolados. 

Basicamente, esses profissionais compõe anotações que se complementam em prol do tratamento do cliente usuário de CAPS, Clínica Psiquiátrica, ou Oficina terapêutica. 

O que os profissionais em saúde mental aprendem a observar e atentar ?

O Cliente em crise geralmente possuí uma queixa principal e isso fará com que se construa uma historia atual da patologia, porém é comum os clientes terem históricos crônicos, coletados de arquivos ou de relatos familiares, dados que não podem ser dispensados, pois servem de parâmetros para compreender a crise e saber quando é o estado basal de ponto de equilíbrio do indivíduo. 

Considerar sempre :
- História Social
- História Familiar

O exame físico é dispensável então ?


Jamais dispensar o exame físico!! 

A partir daqui, para entender melhor como é observado um cliente e sua patologia mental, os referenciais usados de base são :

Euripedes Constantino Miguel, Valentim Gentil, Wagner Farid Gattaz. Clínica Psiquiátrica 2 volumes. USP.2011
Enfermagem Psiquiátrica - Conceitos de Cuidados - Townsend, Mary C. Ed. Guanabara. 2005
Callaway, B. J. (2002). Hildegard Peplau: Psychiatric nurse of the century. New York: Springer.(Teoria das relações interpessoais na enfermagem).

Há 10 itens importantes que são observados em acordo com esses referenciais:


1. APARÊNCIA E COMPORTAMENTO.
2. ATITUDE COM O PROFISSIONAL.
3. PSICOMOTRICIDADE.
4. AFETO E HUMOR.
5. PENSAMENTO E FALA.
6. PERCEPÇÃO.
7. ORIENTAÇÃO.
8. ATENÇÃO.
9. INTELIGÊNCIA.
10. CONFIABILIDADE 

Para compor sua analise clínica o psiquiatra é especializado em coletar dados a partir desses Itens acima a fim de fechar um diagnóstico baseado no CID -10 conforme for detectando os problemas durante consultas. Essa prática, bem como suas devidas anotações são exclusivas as atribuições do especialista médico psiquiatra, contendo alguns termos que são de linguagem técnica específica e diagnóstica, sendo assim, há outras formas de descrição e anotação em prontuário que não ferem a ética profissional. 
               Os profissionais da saúde podem aprender sobre as observações acerca das características do estado mental de um paciente de modo geral, porém há termos que não podem ser usados, vamos ver item por item e elucidar com exemplos práticos. Obs: o que estiver entre parentes e/ou destacado são terminologias descritivas técnicas para anotação.

 1- Aparência: 


              Diz respeito as características físicas de um indivíduo. O que se deve considerar quando compor uma anotação:
        - Nível de consciência ( alerta: vígil, atento; hipervigilante: ansioso, não relaxa; hipovigilante: lentificado, sonolento)
        - Vestimenta e asseio ( Estatus socio econômico: carente, abastado, classe média... é mais observação do que anotação; Ocupação: pode ser subjetivo ou pode denotar uma função, profissão, interesse; Auto estima: baixa ou alta, regular...Capacidade de se apresentar adequadamente, motivação.) EX: "...cliente apresentou uma auto estima elevada pela manhã, vestindo roupas limpas e passadas..." o que mais observar de objetivo relacionado com auto estima e higiene : Penteado, limpeza, unhas, odores corporais. Idade aparente V.S. Idade cronológica: Parecer mais velho pode indicar saúde física comprometida, abusos de alcool e drogas, depressão e situação socioeconômica carente; Ao passo que uma vestimenta extremamente jovial em alguém idoso pode sugerir estados hipermaniacos, lembrando que a diagnose é psiquiátrica, os demais profissionais só contribuem com observações e relatos. 
- Posição e postura ( localização espacial do corpo do individuo corresponde a posição e a situação a postura; em pé , sentado, deitado, com ombros alinhados, com ombros relaxados, pernas cruzadas... EX: ..."cliente não se levanta, deitado, diz que está no chão porque está preso a ele..." ..."cliente se põe sentado, cabisbaixo, com postura curvada...")
- Características Físicas: Tatuagens ( podem indicar significados objetivos, subjetivos ou somente adornos) ; Sinais de agulha e cicatrizes ( podem indicar uso de drogas, ou autoagressão); Sudorese (pode indicar mudanças de humor, ou ansiedade, nervosismo, medo... EX: "Cliente está suando frio, trêmulo, olhar de espanto..."; Sexo (auto-definição X realidade).

2- Atitude com o profissional

Avaliamos durante a relação profissional - cliente, durante o dia a dia, entre perguntas simples, ou durante momentos de terapia, consultas , atividades.



         Como descrever em linguagem apropriada : 
         Cooperativo; Hostil; Reservado, Desconfiado; Inseguro; Não coopera; Regredido, Participativo.







3- PSICOMOTRICIDADE





           AGITAÇÃO  PSICOMOTORA - hiperatividade
         RETARDO  PSICOMOTOR -bradicinesia
         NEGATIVISMO (não se move)
         ECOPRAXIA (repetir, imitar movimentos)
         CATALEPSIA - flexibilidade cérea
           TREMORES
         MOVIMENTOS ANÔMALOS - acinesia,
         movimentos coreoatetóidesdiscinesia tardia.
         DISTONIAS
         TICS: ecolalia, coprolalia, estereotipias
COMPULSÕES (obsessões)




4- AFETO E HUMOR

Humor : Sentimento interno predominante em uma pessoa, sustentado pelo tempo em um estado emocional consciente

Afeto: Manifesto do estado emocional do indivíduo, expressões em momentos distintos, externação de sentimentos.

Geralmente quadros ligados a Depressão, Mania e Ansiedade são provenientes de humor e afetividade. 

Esses temas já foram abordados no blog em postagens passadas, pode ser conferido na barra de arquivos do blog a direita. 

Podemos citar também : Euforia, Raiva, Eutimia, Apatia, Disforia, apreensão. São termos técnicos usados para descrever estados de humor e afeto. Há sinônimos : 

Eutímico= humor calmo, equilibrado, estável
Raiva= Bravo, Belicoso ou beligerante, Hostil, confrontante, irado, frustrado
Eufórico= extremamente alegre, jovial-infantil
Apático= Embotado, achatado, pobre 
Disfórico (Antônimo de eufórico) = Desesperançoso, enlutado, lúgubre, entristecido
Apreensivo= Ansioso, temeroso, assustado, tenso, preocupado

Após observar e avaliar é importante compreender e considerar se está adequado ou inadequado com tempo e espaço EX: ..." Rir em um velório..." ..."chorar de tristeza e com pesar pela morte de uma formiga..." 

É importante observar e anotar a intensidade após anotar o estado se houver necessidade. 


5-PENSAMENTO FALA E LINGUAGEM


-Fluente ou não (100 a 150 palavras por minuto)
- Repete ou não repete frases (Simples ou complexas).
- Compreensão e reação, ou demonstrações em atos.
- Escrita, erros muito evidentes
Observações diagnósticas da psiquiatria:

Dislexia e Alexia, Afasias, Prosódia (temas a serem discutidos mais adiante no blog em uma postagem mais específica). 

Através da verbalização do individuo podemos compor anotações sobre seu pensamento. Isso é também avaliado pela escrita do indivíduo, ou de modo simbólico - expressivo - demonstrativo. EX: desenhos, teatralidade, etc.

Que tipos de pensamentos podem surgir ?Pensamentos fantasiosos, Não dirigidos, Racional conceitual, Imaginativo abstrato. 

Um indivíduo com um pensamento equilibrado será geralmente consistente e organizado em seus relatos e assim o descrevemos EX: ..." Cliente relata de forma calma, organizada e consistente seu caso..."

Alguns indivíduos verbalizam o pensamento com UM CURSO complexo, inadequado:
Pobre de pensamento : Pouca descrição de fatos, memorias, ou durante conversa
Logorreico ou logorréia: Fala rápida e emendada, salada de palavras, algumas fazem sentido no discurso e outras são desconexas
Fuga de idéias: Inconsistência durante um discurso, desvios de assuntos, esquecendo ou ignorando os anteriores. 
Associações sonoras: Ruídos, ou imitações de animais.

Os delírios são diretamente associados e descritos pela verbalização de pensamentos, pela descrição da imaginação "mágica" utópica. 

6- PERCEPÇÃO


Percepção: Captação de estímulos através dos 5 sentidos.

É de cume psiquiátrico a afirmação das alucinações nas percepções relatadas pelo cliente. Os demais profissionais descrevem partes do conteúdo relatado . EX: "... cliente refere: - há um monstro me perseguindo..." É necessário ajustar algumas descrições para que essas não comprometam o cliente em sua documentação de prontuário, tomando cuidado também para não expor ao ridículo sua patologia.

Já falamos acerca do conceito de alucinação no blog, vide a postagem referente a esquizofrenia caso queira relembrar. 

Uma descrição importante a ser considerada é a Desrealização , onde o cliente sente que a sua volta nada é real. Não menos importante, a Despersonalização, onde o mesmo não se percebe como algo , ou alguém real. 

Descrevemos parcialmente ou integralmente conforme o acontecido, através da verbalização do cliente, assim como nas alucinações, não usamos o termo psiquiátrico no prontuário.


7- ORIENTAÇÃO 


Tempo, espaço, consciência, identidade, ordem cronológica, memória de curto prazo, propósito.

EX: ..."refere não saber onde está, nem porque veio, não sabe que dia é hoje e nem sabe a quanto tempo chegou..." 

8- ATENÇÃO 


Capacidade de enfocar e gerir os processos de pensamento e ações para um determinado fim. Manter-se atento e concentrado. A Concentração é uma atenção sustentada.



É relatado se o cliente mantém ou não a atenção, se consegue se concentrar ou não em suas atividades, em seu tratamento. 


9- INTELIGÊNCIA


Avaliado memória de curto e longo prazo, os processos cognitivos, a resolução de problemas e capacidade intelectual do indivíduo. 
Geralmente os casos em que não há rebaixamento mental preservam uma cognição interessante, onde é possível até obter várias trocas de idéias muito instrutivas. 



Descrever evolução de capacidades ou regressão é simples. EX: "... cliente conseguiu completar atividades propostas durante a T.O., segue participativo e se adaptando bem a terapia..." ..." cliente não conseguiu desenhar, estava trêmulo, apresentando sudorese, humor exaltado, amassou a folha. Foi acolhido..."

10-  CONFIABILIDADE 


Através do relacionamento interpessoal conseguimos perceber se houve confiança ou desconfiança por parte do cliente, se ele relata tudo o que sente ou se esconde, ou omite certas informações de seu pensamento, ou de seus sentidos. 

Ao passo que o relacionamento terapêutico vai se firmando, os clientes vão sentindo que podem se abrir mais com profissionais que se tornam referências para eles. 

O prontuário é uma fonte de informações valiosas justamente por isso, pois o que um determinado profissional não consegue "coletar", o outro que é referencial daquele cliente o faz, ai descreve no prontuário e passa a informação para toda a equipe, fazendo com que a comunicação seja dinâmica, permitindo o envolvimento interdisciplinar contribuinte no tratamento do cliente. 

Finalizo por aqui, deixando esse link caso queira se aprofundar em estudos de caso recheados de terminologia técnica e descrições psiquiátricas: 

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/s3/222.html

Desejo-lhes bons estudos ! 

Rafael L. Ribeiro