domingo, 22 de setembro de 2013

TIPOS DE ENFAIXAMENTO E BANDAGENS


CONCEITOS: 

Proteção e suporte seletivo, controle e/ou limitação de movimentos, tratamentos diversos e reabilitações. 

OBJETIVOS: 

Proteger estruturas de agravamento de lesão, strees e tensões;
Controlar respostas inflamatórias (Bandagens compressivas);
Condicionar processo de reparo de lesões;
Permitir funções sem comprometimento do reparo tecidual;
Evitar e/ou minimizar recidivas; 
Conferir suporte adicional para o segmento lesado;
Acelerar recuperação;
Evitar perda da função;
Proporcionar movimentos livres de dor.
 
Vamos ver algumas situações ....

SUPORTE DE BANDAGENS APLICADA AO REDOR OU SOBRE FERIDAS ...


Esse tipo de bandagem serve para proporcionar proteção adicional com finalidades terapêuticas (No caso a união de bordas para promover hemostasia e junção dos tecidos) 


CRIANDO PRESSÃO SOBRE REGIÃO DO CORPO...

Nesse caso observamos que há o intento de pressionar o local a fim de conter sangramento (notando que abaixo da faixa há uma compressa que pode ser constituída de gazes ou material próprio ).

É preciso dosar a pressão para que não haja má circulação no local, isso poderia causar diminuição de oxigênio nos tecidos.

IMOBILIZANDO UMA PARTE DO CORPO, REDUZINDO EDEMAS E SUSTENTANDO FERIDAS...

Bandagens aplicadas ao redor de torções tem o objetivo de imobilizar parte da estrutura. 

Nesse caso temos um tornozelo torcido, onde o cliente pode ter agravamentos do problema, como edemas por exemplo, se os movimentos do local não forem limitados, a limitação de deslocamentos deve ser feita.

 FIXANDO CURATIVOS E TALAS ...

Nesse caso temos ai as bandagens fixando curativos e talas que auxiliam na limitação dos movimentos.

Quando falamos de bandagens temos visto variedade de materiais no mercado, que vão desde simples gazes até adesivos de tecnologia moderna. 

A aplicação de cada um desses materiais segue: 

Diagnóstico clínico do problema > Cuidados com as feridas especificadamente > Proteção da pele > Tricotomia local > Proteção óssea> Posicionamento para recuperação adequada> Elaboração da bandagem para atender a necessidade > Material novo e em estado perfeito de funcionamento > Prática com técnica competente do profissional executor. 

Preparação ideal para técnicas : 

- Higiene local e tricotomia ( Os pelos podem conter ou armazenar microrganismos, portanto é melhor raspá-los); 
- Remoção de oleosidade da pele;
- Proteção de lesões no local (curativos prévios conforme necessidade); 
- Verificar alergias aos tecidos utilizados como bandagens e enfaixamentos, orientar o cliente sobre a surgimento de prurido e eritema. 
- Proteção das áreas sensíveis.

Preparo de materiais básicos: 

- Soluções de limpeza; 
- Cubas estereis; 
- Luvas de procedimento; 
- Gazes estereis; 
- Ataduras e materiais de oclusão. 

Para a técnica ...

Nunca se esqueça de lavar as mãos e explicar ao cliente o que será feito
- Posicione o cliente conforme a necessidade de aplicação ( se estiver no leito ou sentado...) 
- Observe a área e avalie a quantidade de material antes de reunir ( evite gastos desnecessários...) 
- Siga o tipo de bandagem para cada tipo determinado de lesão , considerando local e articulações. 
- Após a aplicação avalie se está confortável a bandagem, se não está apertada e se segue a proposta, mas sempre mantenha a bandagem firme e justa ( o que é diferente de "apertar") 

Agora é importante saber retirar as bandagens...

- É utilizado tesoura de ponta romba
-  Soro fisiológico (algumas literaturas trazem alccol, ou óleos e vaselina)
- Use luvas de procedimento 
- Retire lentamente e cuidadosamente aplicando soro para desprender as bandagens se elas aderirem a pele;
- Descarte a bandagem e não a reutilize , se for necessário trocar, use materiais novos e limpos. 

Mais situações de enfaixamento 

Perna residual 

Ideal é que se use uma bandagem elástica, é preciso moldar o coto em sua forma, de modo firme, reduzindo assim o edema ( que com o tempo vai sendo drenado pelo sistema linfático). 
Observamos que o correto é utilizar a cintura do cliente como sustentação do enfaixamento, realizando o cruzamento das faixas para prendê-las posteriormente.

Braço residual 
Ideal é a bandagem elástica, moldando também o coto, há casos em que será necessário envolver o enfaixamento até o ombro com o objetivo de fixar a bandagem. 

 E QUAIS SÃO OS TIPOS DE ENFAIXAMENTO ? 

CIRCULAR
A volta da faixa deve superpor totalmente a volta anterior e assim consecutivamente, com a finalidade de cobrir uma área pequena (mãos, pés, dedos, partes do antebraço, parte da perna em região tibial). 

ESPIRAL
Pretende cobrir uma região mais extensa e circular do corpo, como por exemplo o ante braço com ferimento extenso. Note que cada volta sobrepõe a metade da outra. 
ESPIRAL INVERSA
Muito útil quando não se tem bandagens elásticas ( situações comuns), como por exemplo faixas ou flanelas de tecido, com a finalidade de prender melhor a bandagem em partes extensas do corpo.
EM OITO
A bandagem em 8 é feita com rotações de subida e descida alternadas no enfaixamento, cada volta se cruza formando o 8, serve para cobrir articulações com o objetivo de limitar ou anular movimentos. 
RECORRENTE

Para enfaixar cabeça e locais arredondados (como coto e membros amputados) é uma técnica que consiste em dar duas voltas envolvendo ocicipital-temporal-frontal, depois formar curvas que vão envolver a região parietal-occipital e voltar até a frontal, dando outra volta por baixo, depois por cima, finalizar a faixa e prender com esparadrapo. 

Para compreender melhor vide o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=PUI-pLGl-zI


HA SITUAÇÕES ONDE A TIPOIA É NECESSÁRIA...


Objetivando suportar os braços com deslocamentos musculares e fraturados, a tipoia deve formar uma manga que seja ajustável ao redor do pescoço, podendo ser improvisada com faixas ou ser comprada pronta em formatos comerciais em casas de materiais hospitalares.
HA SITUAÇÕES ONDE SE USAM TALAS...

As talas tem o objetivo de imobilizar segmentos fraturados ou traumatizados e geralmente são feitas de produtos especiais, mas em casos de primeiros socorros é possível improvisar talas , desde que que se saiba o que está fazendo, ou seja, não é indicado que leigos manipulem talas ou tentem imobilizações em casos de acidentes com traumatismos e fraturas.

Referências :

BRUNNER & SUDDARTH, Tratado de enfermagem médico cirurgica. Ed. Guanabara, Koogan 2009;

POTTER, Patrícia Ann; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de enfermagem. Elsevier. 2009

Espero que os caros leitores tenham tido a oportunidade de aprender um pouco mais sobre essas técnicas e que tenha sido tão prazeroso para vocês a leitura quanto me foi o ato de postar. 

Fiquem a vontade para fazer comentários e discussões usando o próprio blog. 

Atenciosamente 

Profº Rafael L. Ribeiro 



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Aplicação de calor e frio.

A aplicação de calor e frio é constituída de técnica milenar para promover efeitos de vasodilatação e vasoconstrição em indivíduos enfermos, ou em situações de necessidades desse tipo de cuidado.

A aplicação de calor e frio dependem das reações locais desejadas para cura (Pianucci, 2002).

O que mais chama atenção para as aplicações de calor e frio é a simplicidade prática e seus efeitos.

É importante destacar que há várias formas e adaptações para proporcionar calor e/ou frio para uma pessoa, com finalidades específicas.

Vamos conhecer algumas dessas formas e estudar o por quê promover calor e frio em casos diferentes para cada situação, mas primeiro assimilamos os conceitos:

CALOR 


TERMOTERAPIA (VASODILATAÇÃO) O calor age estimulando ou acalmando de acordo com a intensidade, tempo, local de aplicação 

. Relaxa a musculatura reduzindo a dor e aumentando o conforto;
. Alivia a congestão;
. Facilita e acelera a supuração;
. Fluidifica os exsudatos
      ex: Compressas sobre crostas para amolecimento e remoção
Aumenta o aporte de oxigênio e nutrientes das células; 
 Promove a vasodilatação numa determinada área;
*   Aumenta o Fluxo Sanguíneo 
*   Diminuí Edemas 
*  Favorece a cicatrização
*  Dilatação dos vasos sanguíneos torna a punção venosa um procedimento mais 
fácil
Favorece o reaquecimento de pacientes hipotérmicos ou de determinada região 
afetada por congelamento;


—  FRIO

FRIGOTERAPIA (VASOCONSTRIÇÃO) finalidade de:
    * Evitar edema
    * Reduzir temperaturas altas
    * Alívio da dor
    * Diminuir a inflamação
    * Retardar a supuração
    * Controlar Hemorragias
    *  Evitar agravamento de edema por um traumatismo
   * Diminuir a extensão de queimaduras
   * Preservar para possível reimplante uma parte do corpo amputada
   * Tratamento de alguns tumores malignos de pele

TIPOS E SITUAÇÕES DE APLICAÇÃO 

Calor Frio
Radiação                           Úmido           
      Condução                          Seco                     
Conversão                                                
Úmido                                                      
Seco                                                          

              Quando falamos de calor seco, estamos falando do emprego de :  

* Raios infra – vermelhos
* Ultra som, ondas curtas
* Almofadas elétricas
* Cobertores elétricos
 * Bolsas de água quente, etc.

Quanto ao calor úmido 
aplicação de:
    * Compressas quentes
    * Cataplasmas
    * Banhos
    * Semicúpio (banhos de assento )
    * Pedilúvio (imersão dos pés )
—ATENÇÃO : SITUAÇÃO EM QUE NÃO SE DEVE APLICAR CALOR LOCALIZADO ! 
Feridas cirúrgicas
Hemorragias
Lesões abertas (como escaras)
Luxações e trações, antes de 24 horas
Presença de fenômenos trombo-embólicos nos MMII (necrose)
Pacientes hemofílicos
Pacientes com fragilidade capilar  
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERMOTERAPIA 

Material: Bolsa de borracha . Fronha ou similar . Jarro com água quente.
    -  Procedimento:
 1. Explicar ao paciente o procedimento
 2. Lavar as mãos
 3. Reunir o material
 4. Colocar água quente até a metade da capacidade da bolsa
 5. Retirar o ar da bolsa apoiando-a numa superfície plana
 6. Fechar a tampa da bolsa e virá-la observando se não há vazamento
 7. Envolver a bolsa com a fronha ou similar
8. Testar, colocando a bolsa sobre o dorso da mão, o tempo suficiente para sentir a
 temperatura da mesma
9. Colocar o paciente em posição adequada à aplicação
10. Expor a área. Colocar a bolsa no local indicado e proteger o paciente, se 
necessário
11. Observar constantemente a área de aplicação durante 30 minutos
12. Remover a bolsa ao término da aplicação, deixar o paciente confortável e a 
unidade em ordem.
13. Esvaziar, lavar e enxugar extremamente a bolsa
14. Deixar escorrer a água da bolsa enchendo-a de ar e guarda-lá
15. Lavar as mãos
16. Anotar na prescrição do paciente: horário, local de aplicação, tempo de 
aplicação, reação do paciente.
VAMOS VER ALGUMAS TÉCNICAS UTILIZADAS PARA CONFORTO E TERAPIA DO PACIENTE 

SEMICÚPIO E PEDILÚVIO
       Geralmente as soluções utilizadas nesses "banhos"promoviam efeitos terapêuticos aos pacientes submetidos a tais técnicas, onde a enfermagem acompanha todo o processo, desde o preparo até o monitoramento de temperatura. 

       No banho de assento = semicúpio, o individuo é observado durante 15 minutos com a parte da pelve submersa. 
       A imersão dos pés (pedilúvio) também é acompanhada por 15 minutos e pode ter diversas finalidades, indo desde conforto até facilitação de remoção de curativos e tecidos do corpo mediante melhora da circulação sanguínea local. 

Falando sobre Frigoterapia 


—BOLSA COM GELO
   - Material:
Bolsa de borracha
Fronha
Gelo picado
        - Procedimento:
* Na aplicação de bolsa com gelo, seguir os mesmos procedimentos descritos para
 BOLSA DE ÁGUA QUENTE, alterando apenas o seguinte item:
      - Colocar o gelo na bolsa, sem arestas, até a metade de sua capacidade.

ATENÇÃO : A EXPOSIÇÃO PROLONGADA AO FRIO PODE NECROSAR TECIDOS! 

É POSSÍVEL COMBINAR FRIO E CALOR ? 

Sim, vamos imaginar que um individuo está com a temperatura acima dos 38,5 º C, é observado que as extremidades (dedos dos pés e das mãos, nariz, lábios...) estão cianóticas (roxo-azuladas), no processo natural de avanço da temperatura , rumo a uma hiperpirexia em resposta a uma infecção. Nesse caso a temperatura de pés e mãos está superficialmente baixa, as trocas gasosas não estão sendo eficazes, a oxigenação periférica precisa ser restabelecida e vimos que a aplicação de calor pode contribuir para isso mediante uma vasodilatação.

Mas se aplicarmos calor no indivíduo como um todo, a vasodilatação generalizada não contribuí para a temperatura aumentar ? Sim, por isso é que podemos combinar uma aplicação de frio. Como seria isso na prática ?
Materiais a disposição : 
Água morna
Álcool
Quatro compressas ou similar
Bacia
Cuba-rim ou similar
Toalha
Bolsa com gelo
Bolsa com água quente 
-Procedimentos:
1. Orientar o paciente sobre o procedimento
2. Cercar o leito com biombo e fechar as janelas
3. Lavar as mãos
4. Reunir o material
5. Posicionar o paciente em decúbito dorsal
6. Molhar a compressa ou similar. Torcê-la retirando o excesso
7. Colocar as compressas nas regiões axilar e inguinal. BOLSA COM GELO na região
 frontal e BOLSA COM ÁGUA QUENTE nos pés ( e mãos se necessário). 
8. Repetir o processo por um período de 15 a 20 minutos ou até a temperatura do
 paciente atingir 37º C
9. Enxugar o paciente e, se necessário, trocar as roupas de cama
10. Auxiliar o paciente a vestir-se, deixando-o confortável e a unidade em ordem
11. Proceder à desinfecção dos materiais
12. Lavar as mãos
13. Anotar na prescrição do paciente: horário do procedimento, tempo de duração do
 tratamento, tipo de aplicação.

Observação: Essas técnicas podem e devem ser utilizadas sempre que medicamentos antitérmicos não façam efeito, ou quando não há recursos medicamentosos disponíveis. 

Vale lembrar que os profissionais da enfermagem são capacitados para realizar essas técnicas e monitorar os fenômenos resultantes dos efeitos, portanto não é indicado praticar esses procedimentos sem ser competente para tanto. 

Referencias :

FIGUEIREDO, Nébia Maria. Práticas de enfermagem. Cuidando do adulto. Edit:Difusão,2005.

PIANUCCI, Ana Maria Galvão de Carvalho . Saber Cuidar : Procedimentos Basicos Em
Enfermagem.SENAC, 2002


Espero que os prezados leitores tenham gostado de mais essa postagem. 

Profº Rafael L. Ribeiro